Verdades e Mentiras : os discos e as outras mídias

Published on by Wandique

"When you play birdsong to birds on vinyl, real birds sing back. 
They don’t sing if you play a digital file" (artigo no "The Guardian")

Esse post é um desabafo para maiores de 50 anos, para a minha geração que nasceu sob o medo da bomba sem internet, celulares e mesmo sem televisão, uma geração de bárbaros de acordo com o que temos e somos forçados a ser atualmente: escravos da tecnologia. Outro dia um colega que imagino ter nascido na década de 90 me perguntou se quando eu era jovem os militares batiam em mim quando eu saía na rua. Outro não acreditou, ou melhor "sabia" que havia vírus para computador de grande porte, os mainframes. O que eu conhecia como literatura, o "1984" atualmente é realidade. O revisionismo impera, o politicamente correto é "crimideia" e os ditos "ativistas" são a "policia do pensamento" que trabalham para o "Ministério do Amor" que cuida da reeducação social dos "companheiros". Se você não leu o "1984" não deve estar entendendo nada, mas sei que você é esperto o suficiente para saber que as pessoas são MUITO MAIS que um número nas redes sociais, que são um enredamento mental (até a denominação da coisa é insidiosa).

Participo de dois fóruns (um aqui em Pindorama outro na America) sobre discos de vinyl (eu insisto na grafia inglesa) e o equipamento necessário e suficiente para ouvir esse mistério e maravilha que é o disco de vinyl. Isso já é suficiente para ser visto como uma anomalia num meio em que a música é uma mera trilha sonora quando se corre no parque. Talvez a contracultura tenha calado nos nossos corações e mentes sem percebermos pois foi o que vivemos depois do "Verão da Flor" de 1967, a rejeição do establishment, mesmo que isso não tenha realmente acontecido conosco, é como ser "careta" por fora e "hippie" por dentro ("a voz do coração"). Temos maturidade para amarmos as árvores e ao mesmo tempo comermos do seu fruto. Me parece que os jovens hoje não têm alternativa, não existe espaço para as "diversidades" (porque isso é uma falácia), não existem várias "tribos" mas duas somente: nós (os malandros) e eles (os otários). É claro que TODOS são (ou pensam que são) malandros, aqueles que tiram proveito de tudo que o mundo oferece de bom (que também é discutível). A satisfação é a aprovação dos outros, é necessário se aproximar das pessoas para ter uma plateia (tenho 5.000 seguidores no meu blog, 50.000 "amigos" nas redes sociais). Mas voltando aos discos já me disseram que é fisicamente impossível que o som de um disco de vinyl seja "melhor" que um arquivo lossless. A crença que números substituem a experiência, a percepção da realidade palpável ou no caso, audível. Pois já pensou se eu ouço e gosto? O que meus "amigos" (os virtuais é claro pois não existem outros) vão dizer? Isso pode ser um problema, o "meu" gosto pode ser errado, não é "hype". Não consigo entender, acho que sou muito velho e egoísta para tudo isso. Estou ouvindo o "Utopia" da Bjork, parece que ela está na minha sala. Não preciso mais que isso. "The higher, the fewer" (Alexander Rozhenko).  

Verdades e Mentiras : os discos e as outras mídias

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