O meu coração é do tamanho de um trem: Erasmo Carlos
De vez em quando dou uma olhada no site Pitchfork para saber o que está acontecendo no mundo em termos de música, sempre aparece algo interessante. Me deparei com um artigo sobre o lançamento (na America) de três discos do Erasmo Carlos. O único disco da "jovem guarda" que comprei (na realidade ganhei) foi um Roberto Carlos, aquele que ele está sentado na areia da praia. A jovem guarda foi um movimento muito importante pois nos trouxe uma visão tupiniquim daquilo que estava acontecendo no hemisfério norte, especialmente na America. E as músicas originais (metade das músicas da jovem guarda eram versões) eram da dupla Roberto e Erasmo Carlos. Eles eram os nossos Lennon & McCartney (cof, cof) guardando as devidas proporções. A minha lembrança daqueles dias é um tanto vaga pois se limitava à ouvir as músicas no rádio e assistir o programa da jovem guarda na TV. O marketing usando o nome da dupla era enorme (eu tinha um iô-iô do Roberto Carlos), havia calça do Roberto Carlos, chapéu do Tremendão (o codinome do Erasmo), bem como mini-saia da Vanderléa. Isso era um diferencial na jovem guarda, "eles" eram um trio sem ser o "clube do Bolinha"!!! Claro que havia outros cantores que eram considerados da jovem guarda, como o Ronnie Von, que era chamado "o Pequeno Príncipe" uma vez que o Roberto era o "rei da juventude brasileira". Mas o Erasmo estava sempre lá, como uma eminência parda, observando. Não foram tantos sucessos mas quem não lembra de "Festa de arromba" ou "Vem quente que estou fervendo" ? Se o Roberto era romântico o Erasmo sempre foi mais pés no chão. E agora a America descobriu o Erasmo. É curiosa a apreciação da música brasileira no exterior. Creio que "eles" vêm a nossa música como algo tão exótico como a música do Butão. Sou um tanto reticente em relação à nossa música pois me parece que existem mais mitos em relação à "musicalidade do brasileiro" que fatos musicais. Mas a "Jovem Guarda" é algo inegável tanto quanto a Tropicália (trópicos "caldos"?) e a Bossa Nova. Em todos esses "movimentos" houve momentos de glória (não a Menezes) e rejeição por parte da pára-intelectualidade que sempre viu um dedo do "imperialismo americano" em nossos usos e costumes. Música é música. "Preciso acabar logo com isso" !