Metal Machine Music - Lou Reed

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"There's a whole generation who grew up not necessarily needing chord changes or vocals or even drums in their music". Lou Reed

Música. Esta é a motivação pela qual eu gasto o meu tempo escrevendo aqui e a razão de você estar lendo o que escrevi. Música como Arte. Agora fica um pouco mais complicado pois sempre pensamos em música como uma manifestação artística e não como um forma de expressão de pensamento (ou sentimento). O que se pensa é o que se vive, logo música é expressão da vida. No entanto temos a disposição (porque assim nos foi ensinado) de enquadrar tudo sob regras às vezes muito rígidas. Mais que uma definição, uma explicação (ou "receita"):

"Música é a combinação de ritmo, harmonia e melodia, de maneira agradável ao ouvido. No sentido amplo é a organização temporal de sons e silêncios (pausas). No sentido restrito, é a arte de coordenar e transmitir efeitos sonoros, harmoniosos e esteticamente válidos, podendo ser transmitida através da voz e/ou de instrumentos musicais".

Note-se as expressões "de maneira agradável ao ouvido" e "esteticamente válidos". Isso remete à teoria que fundamenta a harmonia tradicional e que conduziu os compositores até Wagner, o qual iniciou uma "subversão harmônica" que culminou, no início do século XX, no atonalismo e depois no serialismo. Qual a necessidade da música ser "agradável ao ouvido" e o que é uma música "esteticamente válida"? O que se ouve atualmente, no Brasil e no mundo, é agradável ao ouvido e esteticamente válido? No entanto as pessoas gostam e as consomem como "música". Podemos imaginar que a "universalidade da música" acontece devido à limitação da palavra em termos da expressão das emoções. Nesse momento endereçamos a palavra como ferramenta de exprimir idéias e a música para e expressão de sentimentos (sentimentos nem sempre são agradáveis). Desta maneira podemos imaginar que a raiva, tomando-a como exemplo, pode gerar uma música agressiva que vai gerar uma série de reações sobre quem a ouvir.

Voltando ao Lou Reed ... Da mesma maneira que Varèse definiu a música como "ruído organizado" ela continuaria sendo música se fosse um "ruído desorganizado"? A pergunta é legítima. As motivações desse album duplo são controversas mas houve uma idéia de que se gravasse o feedback de duas guitarras com afinações diferentes encostadas num amplificador ligado de modo que a vibração dos alto-falantes "tocasse" as cordas provocando um som contínuo retro-alimentado (me perdoem o uso de hifens mas me parecem mais eficazes visualmente). Essa é a "Metal Machine Music". A reação foi a mesma das salas de concerto do início do século XX quando o atonalismo foi apresentado: vaias, apupos de demostrações de truculência explícita. As pessoas se sentiram agredidas e revidaram contra a gravadora e contra o artista. Muitas pessoas se sentem no centro do Universo: "porque existe algo que não entendo?" Muita gente já foi para a fogueira por muito menos, vítimas da turba ensandecida. Talvez esse disco tenha sido o extremo do que o mesmo Reed no Velvet Underground criou com "Sister Ray" com certeza influenciado pelo Andy Warhol (leiam a história e a glória do V.U.). Ouçam como se fosse alguém dizendo para você repensar o que é a vida. Talvez não seja nada disso.

Lançado em Julho de 1975

Lado A

1) Metal Machine Music, Part 1

Lado B   

1) Metal Machine Music, Part 2

Lado C

1) Metal Machine Music, Part 3

Lado D

1) Metal Machine Music, Part 4

Metal Machine Music - Lou Reed

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