Traveling Wilburys Vol. 1

Published on by Wandique

"We'll bury 'em in the mix"

Antigamente as pessoas cometiam erros e suas consequências serviam como lição para que aquilo não se repetisse. Hoje com a maldição do "politicamente correto" comete-se "equívocos" que servem para justificar e enaltecer os erros e aqueles que os cometeram.

Creio ter sido Dezembro de 1988 quando comprei meu último LP antes de me desfazer deles e ficar com CDs somente. Esse foi o meu ERRO : arrogância pseudo-tecnológica de imaginar ( porque isso estava no imaginário coletivo  somente ) que um novo formato era melhor porque era novo. Esse meu último LP antes do arrependimento foi o "Traveling Wilburys Vol. 1". Comprei sem ouvir pois um disco com George Harrison, Bob Dylan e Roy Orbison não poderia ser ruim. Já o Tom Petty e o Jeff Lyne eu nunca tinha ouvido falar. Cheguei em casa e já na primeira música não tive dúvidas : era um discão. Como sempre (exceto os Beatles) nem tudo é para todos. Música (ou ouvir música) é um aprendizado e depende, é claro, de todo uma experiência que vem do que ouvíamos em casa quando crianças. Não estou dizendo que quem cresceu ouvindo música (sic) sertaneja não possa gostar de música erudita. É tudo uma questão de aprendizado. Mas são diferentes as lembranças proustianas ligadas a experiências emocionais que passamos, especialmente na infância e adolescência. Foi meu pai que me apresentou aos Beatles em 1963. Minha mão me contou que o Paul McCartney havia lançado seu primeiro disco solo. Foi meu pai quem ligou para mim naquela manhã de 8 de Dezembro de 1980. Sob essa perspectiva a música passa ter um outro ponto de vista (ou de ouvido). Posso comprovar pela minha própria experiência ao "descobrir" coisas como "The Jam" anos depois - a percepção é estética somente, me falta a referência emocional daqueles que vivenciaram a música deles no momento em que acontecia ("enquanto acontecia eu estava em San Vicente").

Mas enfim, vamos . Me parece que os Traveling Wilburys foi uma delicada homenagem ao Roy Orbison. O George o conhecia desde o começo dos Beatles (houve uma turnê dos Beatles com Orbison pela Inglaterra em 1963) e nutria um grande respeito pelo cantor e compositor. A exemplo da reunião que acontecera em Outubro de 1985 com Carl Perkins esta reunião rendeu um disco do último super-grupo. Nunca imaginei uma colaboração desse pessoal. Especialmente Bob Dylan, pois se criou uma aura quase sacra em torno dele : o último poeta americano  (?!). As músicas são de muito bom gosto e os arranjos vocais perfeitammente ajustado aos diferentes timbres. Nunca naquele país se reuniu tanto talento num disco só. Houve um Vol. 3 mas Roy Orbison havia morrido dois meses depois do lançamento do Vol. 1 e não era a mesma coisa. "Deixem os mortos enterrarem seus mortos". Todos ele continuarão vivendo cada vez que alguém ouvir esse disco.

Lançado em Outubro de 1988

Lado 1

1) Handle with care

2) Dirty world

3) Rattled

4) Last night

5) Not alone any more

Lado 2

1) Congratulations

2) Heading for the light

3) Margarita

4) Tweeter and the monkey man

5) End of the line

Traveling Wilburys Vol. 1

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